quarta-feira, 11 de julho de 2012

Trinta anos sem Jackson do Pandeiro, o rei do ritmo


Há exatos 30 anos silenciavam a voz e o instrumento do artista que ganhou o apelido de Rei do Ritmo. Nascido em Alagoa Grande, na Paraíba, Jackson do Pandeiro trocou Campina Grande e João Pessoa pelo Recife, para crescer na carreira artística. No início dos anos 1950, veio a estreia numa rádio pernambucana e o que seria seu primeiro sucesso, o  coco Sebastiana (aquele do "A, E, I, O U, Ypisilone"), composto por Rosil Cavalcanti, com quem Jackson montou uma dupla.




Jackson do Pandeiro é considerado não só o artista de recursos vocais sofisticados, de jeito alegre e malandro, mas o maior ritmista do país. Junto com o pernambucano Luiz Gonzaga, cantou a realidade do povo pobre do Nordeste e foi, nas décadas de 50 e 60 do século passado, um ídolo nacional.

Jackson do Pandeiro fez escola, influenciando artistas e movimentos. Entre os seus inúmeros devotos figuram artistas de épocas e estéticas as mais diversas, como Gilberto Gil e Alceu Valença, João Bosco e Zé Ramalho, Chico Buarque e Lenine, Raul Seixas e Gabriel, o pensador.

No princípio, queria ser sanfoneiro. Mas a sanfona era um instrumento caro, e sendo o pandeiro mais barato, foi esse que recebeu de presente da mãe, Flora Mourão, cantadora de coco, a quem desde cedo o menino ouvia cantar coco, tocando zabumba e ganzá.

Aos 13 anos, com a morte do pai, foi com a mãe e os irmãos morar em Campina Grande, onde começou a trabalhar como entregador de pão, engraxate e fazendo pequenos serviços. Na feira de Campina, assistia aos emboladores de coco e cantadores de viola. Ia muito ao cinema e tomou gosto pelos filmes de faroeste, admirando muito o ator Jack Perry. Nas brincadeiras de mocinho e bandido com os outros garotos, José transformava-se em Jack, nome pelo qual passou a ser conhecido.

Aos dezessete anos, largou o trabalho na padaria para ser baterista no Clube Ipiranga. Em 1939, já formava dupla com José Lacerda, irmão mais velho de Genival Lacerda. Era Jack do Pandeiro. 


No o início da década de 40, Jackson foi morar em João Pessoa, onde continuou a tocar nos cabarés, e logo depois na Rádio Tabajara, onde ficou até 1946.

Em 1948 foi para o Recife trabalhar na Rádio Jornal do Comércio Foi aí que o diretor do programa sugeriu que ele trocasse o Jack por Jackson, que era mais sonoro e causava mais efeito quando anunciado ao microfone.

Somente em 1953, já com trinta e cinco anos, foi que Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: Sebastiana, de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: Forró em Limoeiro, rojão composto por Edgar Ferreira.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Alburquerque, com quem se casou em 1956 vivendo com ela até 1967. Fizeram uma dupla de sucesso, ele cantando e ela dançando ao seu lado, tendo participado de dezenas de filmes nacionais. A paixão por Almira era tão grande que Jackson chegou a colocar várias músicas no nome dela. Depois de doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem também se separou pouco antes de falecer.

No Rio, já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com O Canto da Ema, Chiclete com Banana, Um a Um e Xote de Copacabana. Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais.

Músicos que o acompanharam, como Dominguinhos e Severo, dizem que ele era um grande “sanfoneiro de boca”, o que significa que apesar de não saber tocar o instrumento ele fazia com a boca tudo aquilo que queria que o sanfoneiro executasse no instrumento. O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística.

No palco, tinha uma ginga toda especial, uma mistura de malandro carioca com nordestino. Ficou famoso pelas umbigadas que trocava com a parceira e esposa Almira.

Cantor e compositor de forró e samba, e de gêneros musicais relacionados, Jackson compôs baiões, xotes, xaxados, cocos, quadrilhas, marchas, frevos. Ele faleceu no dia 10 de julho de 1982, aos 62 anos, em Brasília, durante excursão que fazia pelo Brasil. Teve embolia pulmonar e cerebral. Jackson era diabético desde os anos 1960.

Com agências

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