sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pra gente ser feliz


Quando se é um jovem LGBTT na América Latina o maior desafio imposto todos os dias é estar vivo.
Sobreviver é a resistência mais hostil e vitoriosa. Os números alarmantes de violência a populações vulneráveis na história recente do nosso continente comprovam como o patriarcalismo, matriz de todas as opressões, ceifas vidas, oportunidades e até a nossa vida democrática, seja através do controle simbólico da nossa sexualidade com heteronormatividade em todo canto ou com a violência levada ás últimas consequências em xingamentos e ataques físicos .
Devido a luta ser por algo mínimo que é o direito à vida, muitas das vezes o movimento LGBTT na América Latina dedica-se quase que exclusivamente a lutar pela garantia da dignidade humana e contra a eliminação física, uma ameaça que infelizmente ainda está muito presente no cotidiano dessa população quanto acordar e escovar os dentes.
Ninguém será capaz de negar as vitórias alcançadas pelos LGBTT nessa nova América Latina, como a garantia jurídica de reconhecimento dos mesmos direitos de uma união estável e a aceitação da visibilidade e existência da homoafetividade, pela primeira vez com as cores de seu próprio povo, com governantes escolhidos democraticamente, oriundos de classes populares e de lutas contra a repressão que já nos assolou, com homoafetivos cada vez mais presentes e visíveis na mídia e até nas tribunas de câmaras e assembleias legislativas. Mas é preciso de mais, de bem mais na verdade se querermos verdadeiramente um continente menos violento, mais justo, democrático e com um pacto com a emancipação humana.
É necessário enquanto movimento venha a combater outras formas de violência, principalmente a psicológica e simbólica, e que a solução para a lesbofobia, transfobia e homofobia seja por uma via educacional, numa escola e universidade pública e de qualidade que zele pela laicidade e também por uma lógica inclusiva estabelecendo uma cultura de alteridade e respeito. Engana-se quem imagina que o único obstáculo apresentado será combater o preconceito no cotidiano das instituições educacionais através de estratégias de convivência entre estudantes das mais diferentes orientações sexuais e de gênero, o maior desafio será retirar a educação da gama dos privilégios para a população LGBTT, tratá-la como uma prioridade, já que o acesso a esse direito é um fomentador de cidadania, justiça, igualdade e humanismo.
Nós do grupo LAMBDA acreditamos que a desassistência educacional a qual a população LGBTT principalmente mais jovem é submetida é uma das formas de violência mais cruéis e por isso convidamos a todos a essa luta por emancipação humana, porque para ser feliz é preciso de um pouco mais do que estar vivo, é necessário cultura, educação e arte, de saída para qualquer parte .

Fonte: LAMBDA

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