sábado, 14 de maio de 2011

Dossiê sobre armas no Iraque foi forjado para justificar a guerra

O agente do alto escalão da inteligência britânica e ex-porta-voz de Tony Blair, general Michael Laurie, admitiu nesta quarta-feira (12) que o dossiê sobre o programa de armas de destruição em massa do Iraque foi elaborado para "para justificar a guerra". O oficial relatou que foi pressionado para encontrar evidências que embasassem a ação militar britânica no país.

O inquérito sobre a guerra no Iraque divulgou uma carta em que Laurie contradiz o testemunho dado por Alistair Campbell, diretor de comunicações do governo Blair. Campbell havia afirmado, em depoimento, que o dossiê sobre o governo de Saddam Hussein era uma explicação para as preocupações de Blair — e "não uma justificativa para guerra". 


"Sabíamos na ocasião que o propósito do dossiê era especificamente justificar a guerra, em vez de levantar as informações disponíveis, e disto tirar o melhor proveito de informações escassas e inconclusivas", disse Laurie, que era diretor-geral de inteligência do Ministério da Defesa entre 2002 e 2003. "Eu não tinha dúvida na época que isso era o propósito exato — e estas palavras foram ditas.”

Segundo Laurie, oficiais de inteligência não encontraram nenhuma evidência de aviões, mísseis ou equipamentos relacionados a armas de destruição em massa. Ainda assim, concluíram que os artefatos tinham sido supostamente destruídos, enterrados ou removidos do Iraque.

"Durante a elaboração do dossiê final, cada fato foi trabalhado para que parecesse o mais forte possível. As declarações finais, indo além das avaliações de inteligência, normalmente destacavam tais fatos", disse o oficial. "Era claro para mim que havia direcionamento e pressão sendo aplicadas", acrescentou.

Da Redação, com agências

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