A edição mais recente do panfleto semanal da direita brasileira, a revista Veja, torna a desferir ataques contra organizações populares. Dessa vez, com calibre de menos intensidade. É verdade. O alvo torna a ser a União Nacional dos Estudantes (UNE), agora contestada por suposto mau uso dos recursos adquiridos junto ao governo federal para realizar algumas de suas atividades. A revista afirma inclusive que os recursos levantados foram gastos em bebedeiras e caprichos como notebooks e roupas de marcas.
Pouco específica na acusação, como não poderia deixar de ser, as pistas deixadas na matéria são suficientes para desmontar a leitura que ela sugere. Nas linhas mal traçadas da revista, cita-se duas atividades que teriam sido utilizadas para mascarar o gasto indevido de recurso público: a Caravana de Saúde e a Bienal de Cultura da entidade. Longe do que Veja propõem, essas atividades não tem nada de fantasmas. Ao contrário, foram algumas das maiores atividades realizadas pela entidade nos últimos anos. A primeira percorreu todos os estados da federação e mais o distrito federal. Já a segunda, ganhou o status de maior atividade de cultura da América Latina.
Quanto aos valores gastos, é possível que o observador mais atento não dê nem um piscar de olhos de surpresa caso conheça a magnitude dessas atividades. A Caravana, inclusive, tem um almanaque e um documentário como conservação dos registros dela. Um breve olhar nesses materiais por si só dão a entender que não se trata de um evento qualquer.
Mas quem acompanha a Veja sabe que nada disso preocupa seus editores. O que salta os olhos dos Civita’s – proprietários da editora cuja prensa sai a revista: a Abril - é saber que nessas atividades a UNE mobilizou e continua a aglutinar milhares de jovens em torno de um discurso que reivindica um Brasil forte, soberano e que cresça desenvolvendo plenamente as potencialidades do Brasil e dos brasileiros.
Isso até eles tentam, mas não conseguem esconder. Num boxe para lá de descarado, informam sobre a vitória de um grupo “apartidário” na última eleição do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB. Creditam a vitória do grupo ao fato de não apresentarem nenhuma postura ideológica e, logo adiante, informam que os novos dirigentes estudantis daquela universidade defendem investimentos privados na instituição. Nada mais sarcástico. Afinal, é a partir dessa iniciativa que os grupos políticos ligados a direita buscam tirar das universidades públicas o foco das demandas sociais, pois quando o mercado investe em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias eles direcionam tais estudos para o seu hall de prioridades, que qualquer leigo sabe que são outras.
Os ataques contra a entidade máxima representativa dos estudantes brasileiros só reafirmam o que os estudantes de 95% das universidades brasileiras que participaram de seu último congresso sabem: a UNE é a entidade mais forte do movimento social no Brasil e em seu seio pulsam a inquietação e a rebeldia de milhares de jovens em busca de um país com e para todos. As lições da história dizem que vencer isso é impossível, daí o desespero da direita e dos Civita’s!
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