terça-feira, 14 de junho de 2011

Até 2014, Brasil quer retirar do trabalho infantil 1,2 milhão de crianças



Meta especial está prevista no Programa Brasil Sem Miséria. 
O Brasil quer retirar do trabalho infantil 1,2 milhão de crianças até 2014, por meio da ampliação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), informou a secretária nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Denise Colin, em entrevista à Agência Brasil.  Essa ampliação está dentro do Programa Brasil sem Miséria, lançado este mês pela presidenta Dilma Rousseff.

Denise Colin disse que hoje o programa atende mais de 800 mil crianças em todo o país. Elas foram encontradas em situação de trabalho no campo, de trabalho doméstico, exploração sexual, entre outros. Segundo a secretária, quando é feita a identificação de trabalho infantil, as crianças são inseridas no Programa Bolsa Família e é anotada na inscrição do programa a situação de trabalho infantil. “As famílias recebem o benefício do Programa Bolsa Família. Essa criança tem a oportunidade de ser atendida em serviços que possam retirá-la da situação de exploração no trabalho”, disse.

A secretária acrescentou que “os pais são encaminhados a vários serviços, como de qualificação profissional, de documentação, de intermediação de mão de obra. Isso é feito pela política do trabalho e os técnicos orientam essas pessoas, mantêm contato com a equipe do Ministério do Trabalho e fazem toda essa mediação para encaminhamento”.


A secretaria disse ainda desde que o Peti foi integrado ao Bolsa Família, em 2006, houve maior garantia da transferência de renda, o que ajuda a família a manter as crianças longe do trabalho. “Foi um grande avanço a integração do Peti com o Programa Bolsa Família porque possibilitou a garantia da transferência de renda para a família, o que passou a não justificar o uso das crianças nessas situações”.

No Piauí, um dos estados onde há o maior número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, a  coordenadora da Gerência de Enfrentamento ao Trabalho Infantil, Rosângela Lucena, informou à Agência Brasil que mais de 34 mil que estavam em situação de trabalho infantil são atendidas hoje pelos núcleos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Esses núcleos recebem recursos do Peti.

De acordo com Rosângela, a maioria dessas crianças estava trabalhando com os pais na agricultura familiar. Hoje, o estado está priorizando a questão do trabalho infantil escravo, que registra alto índice no Piauí. “Queremos fazer um estudo sobre o trabalho infantil escravo no estado e, para isso, estamos contratando faculdades para nos ajudar. Há 34 mil menores atendidos que estavam em situação de trabalho infantil, tanto que o Piauí está na lista dos estados brasileiros com os mais altos índices de crianças nesse tipo de atividade”, informou. A intenção é que o diagnóstico esteja concluído no próximo ano.

Em Brasília, menino trabalha nos fins de semana para poder estudar - Adriano (nome fictício), 15 anos, sai cedo de casa, na Cidade Estrutural (cidade-satélite de Brasília), onde mora com os irmãos e a mãe,  para vender jujuba em um sinal de trânsito todo fim de semana. Para poder estudar, ele só trabalha aos sábados e domingos. O menino cursa a 7ª série.

Adriano e um dos seus seis irmãos vendem as jujubas. Ele conta que seu pai morreu em 2004 e desde então começou a trabalhar, primeiro catando latinhas e depois vendendo os doces. O garoto afirma que trabalhar foi uma opção dele e que nunca foi forçado pela mãe ou pelos irmãos mais velhos.  

“Estou aqui trabalhando porque quero. Estou aqui para ajudar a minha família. Eu poderia estar roubando ou coisa do tipo, mas estou trabalhando. Vendendo as minhas jujubas eu consigo ganhar mais dinheiro do que se eu estivesse trabalhando em outro lugar “.

Adriano contou que chega a ganhar R$ 600 por fim de semana e com esse dinheiro já ajudou a mãe a pagar uma televisão e comprou um celular. Ele disse que poderia estar fazendo um estágio por meio do Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador, mas optou por vender os doces no sinal porque consegue mais dinheiro. “Não estou roubando nem fazendo nada de errado, estou trabalhando, ganhando meu dinheiro honestamente”, afirmou.

O menino faz parte do contingente de 4,3 milhões de crianças e adolescentes que trabalham no Brasil, a maioria  garotos. No mundo, são mais de 200 milhões de meninos e meninas entre 5 e 17 anos que fazem algum tipo de trabalho.

Por Agência Brasil.

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